Crítica Pânico 5 : Respeite o passado e abrace o futuro!

Análise sobre a nova sequência da franquia slasher ‘’Pânico’’.

Vitor Amoroso
3 min readFeb 25, 2022

O novo filme consegue ser tão bom quanto o primeiro, que é uma obra prima (e consegue consertar o “desastre” que foram os outros filmes, especialmente o 4) . Pânico sempre foi conhecido por usar muito a metalinguagem e dessa vez ele vai ainda mais além e mostra que a fórmula dele não têm prazo de validade. É um Slasher atemporal. O filme consegue reciclar elementos já conhecidos na franquia mas sem perder a essência, pelo contrário, consegue fazer tudo ainda mais divertido, mais brutal e mais tenso. O filme brinca com elementos clichês das franquias antigas ao mesmo tempo em que quebra a parede da metalinguagem e satiriza os slashers, o “pós terror” (citando filmes atuais como “Babadook”, “Hereditário” e “A Bruxa”), filmes antigos da franquia, a atual sequência, os haters e os fãs mais fanáticos.

Repleto de referências aos filmes antigos, temos, através de diálogos, citações e referências espalhadas pelo filme a nostalgia o fanservice (basicamente, fanservice é entregar no produto audiovisual o que os fãs querem ver) em sua forma mais genuína. Em diversos momentos da primeira metade do filme, vemos os personagens ironizando furos passados de roteiro, os fãs mais afincos que brigam entre si e até os próprios “haters” da franquia, quebrando a quarta parede e utilizando bastante da metalinguagem como artifício narrativo. Vemos Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillet fazendo algo muito semelhante com o que Lana Wachowski fez em Matrix 4 (2021).

O filme conta com monólogos que são uma carta aberta dos diretores para os fãs da franquia. Não é uma sequência (tanto que o número 5 não fica explícito no título) ao mesmo tempo em que é. Como autorreferenciado no longa, é decrito como um “requel”; uma mistura de “Reboot” e “Sequel”, assim sendo uma sequência que busca retomar elementos do filme original (como por exemplo, a cena inicial, a primeira ‘’vítima’’, o telefonema, as cenas de assassinato nitidamente inspiradas em cenas do primeiro filme e, por fim, até mesmo a casa do ato final, que é a mesma do longa original) para revitalizar a franquia, porém, sem se tornar uma refilmagem ou uma continuação direta do enredo. O filme peca um pouco no quesito originalidade, há momentos em que ele usa excessivamente o passado, a nostalgia e a metalinguagem referenciando a a própria franquia.

É mostrado que é sim possível adaptar histórias clássicas para uma nova geração, sem apagar o passado. Dessa forma, vemos o novo abraçando o velho ao mesmo tempo em que é abraçado por ele, criando novos problemas para situações já conhecidas pelos fãs. Vemos novamente o trio de protagonistas já consagrados na franquia, Sidney, Gale e Dewey, ao mesmo tempo em que vemos um novo elenco, com foco na nova dupla de protagonistas, Tara e Sam Carpenter.

Pelo ponto de vista técnico, há uma nítida mudança no modo em que foi produzido, a forma como os atuais diretores dão ‘’close up’’ na máscara é algo inexplorado nas outras franquias, tornando-se assustador ao mesmo tempo que é angustiante toda a noção de que a máscara será o último “rosto” que você vai ver antes de morrer, assim mostrando um fascínio dos diretores com essa figura, eles filmam em planos fechados, com foco na máscara do Ghostface, diferente de Craven, que, filmava em um plano aberto, mostrando todo o ambiente. Com esse novo formato, as cenas ficam mais tensas, sendo trabalhadas de uma forma interessante, contemplando a simbólica máscara que marcou toda uma geração e toda a cultura pop.

Tenho certeza de que Wes Craven teria amado assistir esse filme e saber que todo seu legado foi honrado. Porém, ninguém um dia saberá fazer um ‘’Pânico’’ como Wes Craven soube.

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Vitor Amoroso

Amante da Sétima Arte. Professor de História e algumas outras coisas.